Estou num
estado letárgico de realidade introspectiva. Cheguei num ponto onde meu fluxo
jorra diante de mim como alagamento. Tudo o que eu passei com você virou uma lembrança
cheia de vontades e domínios. Criou-se um sentimento que tem insistido em me
levar até você. Tenho dificuldades de aceitar muitos de seus defeitos, os que
causaram raiva, por isso te crio e recrio na mente, mas a vida continua a
mesma. Quisera eu poder transformar o que me impede de vincular-me, de poder
manter minha presença sem precisar pressionar. Admito estar fraco em assistir o
desfazimento, o ceifar de “tantos tantos”. Relutar parece ceder à cova que
mesmo criei.
Bate um
imenso desejo de sedimentar nossos elos e percolar as distâncias, que de tão
soltas pouco se tocam. Como é difícil ver as correspondências ficarem pelo
caminho, jogadas ao sabor e a sorte delas mesmas. As dificuldades nos levaram a
um percurso de transição dolorosa, as alegrias vêm pontuais e de intensidade
violenta. Palpita coração, balançam as entranhas quando forma sua imagem.
Tentar
entender o outro é tarefa que poderia ser dada ao criminoso mais hediondo, grande
é o enigma de perceber o coração. Um ditado diz ser inatingível, eu já caí, me
debrucei e nadei em várias de suas veias. Seria muito ambicioso querer saber
tudo, creio que o essencial conhecer é aquele bastante para sem dizer nenhuma
palavra exercer um comando oculto e subliminar, mesmo que de corpos distantes,
você sente a água do outro.
Existe a
magia de fascinar meu ego e o dom de amaciar minha carne. Este já seria motivo
suficiente para eu nunca mais esquecer, você extrai o melhor de mim quando sem cerimônia
fica como numa terapia diz sua alma, pestaneja sua dor e fagulha a felicidade,
muitos nem no barato de alguma substância conseguiriam fazer isso.
O amor vai
sempre renascer em várias formas, e quando ouvir a música pode ser sem os óculos
mesmo.